Ser Madrasta: Uma Jornada de Desafios e Transformações

“Você nasceu para viver um amor que faz sentido, uma história que te fortalece, uma família que te acolhe. Você nasceu para ser madrasta – e ser feliz com isso.” 


Quando o amor escolhe caminhos inesperados


Você já se perguntou por que ninguém te preparou para isso? Por que, entre tantas conversas sobre relacionamentos, família e maternidade, ninguém mencionou que ser madrasta seria uma das experiências mais desafiadoras – e potencialmente transformadoras – da sua vida?

Vivemos em um mundo que romantiza a família perfeita. Aquela dos comerciais de margarina, onde todos compartilham o mesmo sobrenome, a mesma história, o mesmo sangue. Um mundo que encara o recasamento como um “plano B”, uma segunda tentativa menos valiosa que a primeira.

Mas e se eu te dissesse que esse recomeço pode ser brilhante? Que essa nova configuração familiar não é menos, apenas diferente?


Minha jornada: de enteada a madrasta a especialista

Minha história com famílias reconstituídas começou muito antes de eu me tornar uma madrasta. Aos 10 anos, quando meus pais se divorciaram, iniciei minha jornada como enteada. Como filha mais velha de quatro irmãos, assumi o papel de “defensora da memória” do casamento dos meus pais. Eu não aceitava aquela situação. Minha fantasia? Que eles pudessem ficar juntos novamente.

Lembro-me vividamente da primeira viagem que fizemos sem minha mãe, apenas com meu pai e minha madrasta. Era Natal, uma data que antes da separação fazia parte das melhores memórias da minha infância. Fiquei tão abalada emocionalmente que tive febre e um episódio de asma fortíssimo – algo que nunca mais aconteceu na minha vida.

Minha madrasta não soube lidar. Meu pai não soube lidar. E acabamos nos afastando para sempre.

Foi ali que comecei a perceber: dentro dessa estrutura familiar chamada recasamento, não existe posição fácil para ninguém.

Aos 16 anos, quando meu primeiro namorado me contou que seria pai de uma ex-namorada, iniciei minha própria jornada como madrasta. No dia 18 de dezembro de 1993, quando minha primeira enteada nasceu, eu não fazia ideia do que aquela situação produziria em mim.

Foram quase 7 anos de namoro onde embora eu amasse muito, eu também sofria, me sentia confusa, culpada, enciumada. Eu amava minha enteada, mas me culpava por todos aqueles sentimentos difíceis que eu não sabia administrar. Não queria ser uma madrasta como a minha, não queria que aquela menininha sofresse o que eu sofri com a ausência do meu pai. Mas aquilo me corroía por dentro.

Quando meu filho nasceu, muita coisa se acalmou no meu coração. Ele era como a peça que faltava para dar um novo sentido. Mas houve muita mágoa, muito ressentimento, e o divórcio foi inevitável – a experiência mais difícil e dolorida que já vivi, minha maior sensação de fracasso.


O mito da madrasta invisível


Anos depois, quando o sonho de ter uma família novamente surgiu, lembrei do desastre que foi o recasamento da minha mãe com meu padrasto por causa dos filhos de ambos. E lembrei também do recasamento do meu pai que o afastou completamente dos seus únicos filhos. Pensei: “Eu não vou viver aquilo de novo.”

Foi quando decidi buscar um jeito certo de fazer esse tipo de relacionamento funcionar. Comecei minhas pesquisas sobre dinâmicas de famílias reconstituídas – primeiro para entender minha própria experiência, depois para que nenhuma mulher passasse por tudo aquilo sem suporte ou informação.

O que descobri? Que existe um mito poderoso e destrutivo que chamo de “O Mito da Madrasta Invisível”: a crença de que, para uma família reconstituída dar certo, a madrasta precisa se anular, se encaixar em um molde impossível e viver à margem da própria história.

É por isso que tantas mulheres entram nesse papel acreditando que precisam aceitar tudo, sufocar seus sentimentos e viver na sombra do passado. Sentem-se sozinhas, sem validação, sem referência, como se ninguém realmente entendesse o que vivem. Questionam-se se estão erradas por desejarem amor, respeito e reconhecimento, carregando um fardo invisível que ninguém parece ver.


A reconstrução consciente da família


Doze anos após meu divórcio, me casei novamente. Meu filho estava com 15 anos e meu esposo tinha duas filhas de 5 e 11 anos. Mergulhei ainda mais no universo das famílias reconstituídas, me especializei nisso e, como psicóloga clínica, me dediquei exclusivamente a essas dinâmicas.

Em 2019, iniciei o projeto Recasados para Sempre que anos depois transformou-se em Novas Madrastas com o intuito de apoiar essas mulheres tão estigmatizadas e sofridas. E o que aprendi ao longo desses anos é que a solução definitiva não é ignorar suas emoções e fingir que não sente o que sente. Não é tentar ser uma mãe substituta nem competir por um espaço que já é seu. E definitivamente não é aceitar migalhas de reconhecimento, se contentando com menos do que merece.

O remédio único é a reconstrução consciente da família. É entender que relacionamentos são construções, não imposições. Que ser madrasta não significa ser menos, mas sim ser parte. Que o amor pode – e deve – ser leve, saudável e sem culpa.


A verdade que ninguém te conta

A coisa mais importante que você precisa entender é que a sua estrutura familiar é única em complexidade e estágios de desenvolvimento. O maior desastre que pode acontecer é tratar uma família reconstituída como se fosse uma família nuclear.

O que mais me chama atenção no meu trabalho com membros de famílias reconstituídas é que a maioria não se considera membro de um tipo especial de família que enfrenta desafios únicos. Em vez disso, consideram-se, e são muitas vezes vistos pelos profissionais que buscam por ajuda, como membros de famílias biológicas com mau funcionamento. E essa é a causa de inúmeros processos terapêuticos fracassados.


Um novo caminho é possível


Eu acredito no casamento como uma oportunidade de cura. Acredito que os relacionamentos são ferramentas poderosas de crescimento. Acredito que cada família é única e que não existe receita pronta para a felicidade, mas sim caminhos que podem ser trilhados com conhecimento, autoconhecimento e coragem.

Acredito que podemos moldar nossa experiência quando entendemos como o cérebro e as emoções funcionam. Acredito que servir é um propósito, e que começa dentro da nossa própria casa.

Se você está lutando para encontrar seu lugar, se sente insegura e como uma estranha na sua dinâmica familiar, saiba que você não está sozinha. Se você se sente boa o suficiente para muitas questões até que não seja mais, ou sente que não importa o quanto você faça ou se esforce – eu entendo. Eu já estive nesse lugar.

Mas também sei que é possível transformar essa experiência. É possível ter um recasamento feliz, sentir-se pertencente e encontrar seu lugar, sem precisar se anular no processo.

Este blog nasce com o propósito de ser um espaço seguro, onde você encontrará informação baseada em pesquisa, histórias reais e estratégias práticas para navegar os desafios de ser madrasta. Um lugar onde suas emoções são validadas, suas dúvidas respondidas e seu papel reconhecido.

Porque você nasceu para viver um amor que faz sentido, uma história que te fortalece, uma família que te acolhe. Você nasceu para ser madrasta – e ser feliz com isso. 💛



Você se identificou com alguma parte da minha história? Compartilhe sua experiência nos comentários abaixo ou me acompanhe no Instagram
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